Carta Mensal - Fevereiro 2025
- Auro Capital
- 19 de mar.
- 2 min de leitura
O primeiro mês do governo Trump foi marcado por forte volatilidade nos mercados globais. Trocas de acusações e o início de uma guerra tarifária com aliados históricos dos Estados Unidos intensificaram a aversão ao risco, levando o índice das bolsas americanas a uma queda de 1,4% no período — com destaque para o setor de tecnologia, que recuou 4,0%. No cenário geopolítico, ideias controversas envolvendo a Faixa de Gaza e negociações unilaterais para encerrar a guerra na Ucrânia reforçaram o movimento de proteção dos investidores, favorecendo a valorização do ouro, que subiu 2,1% no mês.
Internamente, o governo Trump começa a enfrentar resistências crescentes tanto da opinião pública quanto de setores empresariais. As recentes medidas vêm desafiando cadeias logísticas já consolidadas, gerando incertezas adicionais sobre a continuidade do crescimento global.
No Brasil, pesquisas de opinião indicaram queda na popularidade do governo atual, reflexo das pressões inflacionárias e de episódios de erros de comunicação. A atividade econômica também mostrou sinais de enfraquecimento, alimentando preocupações de que o Executivo possa adotar novas medidas populistas, com impacto potencial sobre o equilíbrio fiscal. Nesse contexto, o governo anunciou a criação de um novo modelo de crédito consignado e a liberação de saques do FGTS anteriormente bloqueados — iniciativas que devem injetar liquidez na economia, mas que também podem acentuar as pressões inflacionárias. As projeções apontam para uma inflação acima de 5% neste ano, frente à meta de 3%.
Outro ponto de atenção reside nas intensas negociações em torno das emendas parlamentares e do orçamento para 2025, que têm reduzido o poder de articulação política do Executivo. Diante desse ambiente de incertezas, a Bolsa brasileira encerrou o mês com queda de 2,6%, enquanto os títulos atrelados à inflação registraram um retorno modesto de 0,5%.
Apesar do cenário desafiador no curto prazo, há uma nova narrativa ganhando força no mercado: a possibilidade de uma alternância no poder, com uma candidatura de centro-direita se consolidando para as eleições presidenciais daqui a dois anos. Além disso, a desaceleração da atividade pode antecipar o fim do atual ciclo de alta da Selic. O mercado já revisa suas expectativas para a taxa básica de juros, projetando um término em torno de 15,25%, abaixo dos 16% anteriormente estimados. Nas últimas semanas, observamos uma melhora nos mercados locais, embora acompanhada de elevada volatilidade.
Na Auro, entendemos que a volatilidade deve se prolongar pelos próximos meses, até que haja maior clareza sobre o novo patamar tarifário entre as principais economias globais e a estratégia que o governo brasileiro adotará em busca da reeleição: um certo ajuste fiscal ou medidas mais populistas.
Seguimos com uma postura conservadora em nossos portfólios, mantendo a maior parte do capital investido em renda fixa, ao mesmo tempo, atentos a oportunidades de aquisição de ativos subvalorizados, de forma seletiva e adequada aos diferentes perfis de risco.
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