Em abril tivemos um cenário mais estável em relação ao risco de crise bancária nos EUA. Embora os dados de atividade econômica americana tenham dado sinais de desaceleração, o nível de desemprego continua baixo. O Banco Central americano (Fed) monitora de perto as situações de baixo desemprego, uma vez que geralmente causam pressão inflacionária. Como resultado, o Fed continuou seu processo de aumento de taxa de juros em 0,25%, porém os agentes de mercado entendem que o fim do ciclo está próximo.
Os dados de balanço das empresas americanas mostraram uma queda de receita e lucros, mas menos do que o mercado previa. Isso permitiu a valorização da bolsa americana em 1,5% no mês. No entanto, a Nasdaq, que representa majoritariamente o setor de tecnologia, não teve valorização. A bolsa americana continua com preços acima de seu histórico e tem apresentado lucros empresariais declinantes, mostrando que não é um investimento com boa margem de segurança no momento.
No Brasil, o arcabouço fiscal foi detalhado e espera-se um debate relevante no Congresso. Alguns partidos de oposição preveem regras mais rígidas do que as apresentadas, enquanto os partidos governistas pretendem dar mais espaço para gastos sociais. Ter um instrumento de política fiscal, mesmo que menos rígido do que o esperado pelo mercado, já trouxe uma queda relevante nas taxas de juros de longo prazo. Isso é particularmente importante para a retomada dos investimentos nas empresas. Com isso, no mês, a Bolsa brasileira subiu 2,5% e os títulos atrelados à inflação se valorizaram 2%.
Os fundos de crédito privado têm recuperado sua rentabilidade, ficando mais próximos do CDI em abril. Os retornos tendem a ser maiores nos próximos meses após o movimento de stress de crédito das empresas investidas. Os dados históricos de inadimplência e recuperações judiciais brasileiras têm aumentado, mas ainda estão em patamares mais baixos do que em crises passadas, o que nos dá conforto em manter essa alocação.
Os fundos multimercados, diante das grandes incertezas dos cenários local e internacional, tiveram um desempenho ruim no primeiro trimestre, mas mostraram recuperação em abril.
Na Auro, nossa estratégia é manter uma carteira majoritariamente em renda fixa, com uma alocação menor do que a histórica em fundos multimercado. Não estamos alocados em bolsa americana há algum tempo e temos baixas posições em bolsa brasileira, apenas em alguns clientes. Estamos aumentando recentemente a alocação em ativos atrelados à inflação, que se beneficiam de um próximo ciclo de queda da Selic.
Cenário segue desafiador e permeado de incertezas, a baixa exposição em renda variável ainda é muito assertiva!